
A ALEGAÇÃO
A edição de terça-feira, dia 16 de Maio de 2023 do Jornal brasileiro Folha de S.Paulo, faz referência a uma notícia com a seguinte manchete: «AFRICANOS ENTENDERAM QUE DINHEIRO CHINÊS TEM ARMADILHA, DIZ CEO DA TAAG», tendo o Jornal angolano AngoNotícias republicado a mesma matéria.
OS FACTOS
Em primeiro lugar, nós não conseguimos apurar se o CEO da TAAG fez ou não esta afirmação ao longo da entrevista que cedeu áquele jornal brasileiro, ou se tenha feito uma afirmação que se assemelhe a manchete dos jornais anteriormente referenciados, por isso, o objecto deste fact-check não é a ele direccionado, em particular. O objecto deste fact check é de esclarecer alguns argumentos em torno da velha afirmação de que os emprêstimos vindos da Repùblica da China estão revestidos de uma espécie de armadilha, a chamada armadilha do endividamento (em inglês: Debt Trap).
O conceito de Debt Trap à que alegadamente o CEO da TAAG fez menção na entrevista que cedeu a Folha de S.Paulo, é um termo usado para descrever uma relação no domínio internacional em que um País (ou uma Instituição) credor cede empréstimos monetários à um outro País com o objectivo do avanço dos seus próprios interesses.
Sendo que, o País credor em questão, é a Repùblica da China e os Países que tenham tomado o empréstimo, africanos, analisemos algumas das infraestruturas construidas com o “dinheiro chinês”.
PAÍSES | PROJECTOS |
Angola | Aeroportos; Portos; Estações hidro-eléctricas; Reconstrução da Via Terrestre; |
Camarões | Barragens; Portos; |
Etiópia | Caminhos de Ferro; Estações hidro-eléctricas; |
Gana | Caminhos de Ferro; Estações hidro-eléctricas; |
Kenya | Caminhos de Ferro; Porto de Mombasa; |
Zámbia | Portos; Centrais eléctricas; |
O VEREDICTO
O debate em torno desta questão está sempre presente nas academias de Gestão e áreas de estudo afins, e aparentemente, também tem potencial para se tornar objecto de discussão no sector da Aviação.
Por fim, não existe qualquer evidência que valide o argumento de que os empréstimos tomados pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional não contenham cláusulas que visem o alcance dos próprios interesses da instituição credora, e também, não há provas da existência desta “armadilha” para o caso de Angola. Portanto, concluímos que o argumento é falso, mas encorajamos o debate.