
Desde o último domingo, 16 de Janeiro, temos acompanhado os desdobramentos do início da disponibilização dos serviços de internet 5G nos Estados Unidos, pelas empresas AT&T e Verizon, e da consequência de tal facto para a aviação.
Com início efectivo nesta quarta-feira, 19, desde o domingo a comunidade aeronáutica já vinha emitindo avisos sobre medidas de precaução a serem tomadas por empresas aéreas a respeito da possível interferência que a tecnologia pode ter nos equipamentos que fazem a aferição de altitude do avião por ondas de rádio, os chamados rádio-altímetros, que trabalham em faixa de frequência semelhante à que passa a ser utilizada pelo sinal 5G no país.
E um dos modelos de aviões mais afectados, por ter rádio-altímetro mais susceptível, é o Boeing 777, bastante utilizado no mundo todo, o que fez com que diversas empresas aéreas cancelassem vôos aos Estados Unidos nesta quarta-feira ou colocassem outro modelo de avião nas rotas, como vimos que foi o caso da LATAM.
E uma das empresas bastante afectadas foi a árabe Emirates, que tem sua frota composta apenas pelos modelos Airbus A380 e Boeing 777 e uma grande quantidade de vôos directos de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para vários destinos norte-americanos.
Com isso, a companhia, assim como várias outras, cancelou vôos para os aeroportos nos quais houve publicação de avisos sobre o risco de interferência, porém, diferente das demais, não se limitou apenas a isso.
Seu CEO, o experiente e bem-sucedido inglês Tim Clark, bastante respeitado por sua trajectória na indústria da aviação comercial e na própria Emirates, foi duro na crítica à situação.
Em entrevista à CNN nesta quarta-feira, Clark disse que a companhia não estava ciente até a manhã da terça-feira de que “isso comprometeria a segurança da operação de nossas aeronaves e de quase todos os outros operadores de 777 de e para os Estados Unidos e dentro dos Estados Unidos.”
Ele falou que eles não estavam cientes de que as antenas instaladas nos Estados Unidos funcionariam com o dobro da potência das utilizadas em qualquer outro lugar do mundo e de que elas ficariam na posição vertical ao invés de outras posições como nos demais lugares.
E por fim, levando em conta estes e outros aspectos discutidos com o entrevistados Richard Quest, ele classificou como “uma das mais delinquentes, totalmente irresponsáveis situações que ele já viu em toda a sua carreira”.
“Alguém deveria ter dito muito tempo atrás que isso comprometeria a segurança das operações das aeronaves em áreas metropolitanas, com consequências catastróficas, se fosse permitido que isso continuasse”, finalizou o CEO.