
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA – International Air Transport Association) realizou nesta terça-feira (14), um evento online sobre a retomada da indústria nacional e global da aviação, bem como a judicialização e sustentabilidade do sector.
A abertura do encontro, realizada pelo Vice-presidente regional da IATA para as Américas, Peter Cerdá, abordou o cenário atual na América Latina e o que esperar com os recentes desdobramentos da pandemia. O impacto económico da COVID-19 no eco-ssistema da indústria, somente em 2020, gerou perda de 94 bilhões de dólares no PIB da América Latina e Caribe.
De acordo com Cerdá, a América Latina e Caribe já restaurou em Novembro a conectividade aérea internacional para 82% dos níveis pré-crise. Com mais de 18 meses de experiência operacional sofrendo o impacto da pandemia, a compreensão do vírus e a capacidade de resposta a ele evoluiu muito, principalmente com o desenvolvimento e distribuição de uma série de vacinas altamente eficazes.
“Um esforço conjunto com os governos é necessário para restaurar a confiança. Isto inclui a aceitação de testes e certificados digitais de vacinação e a concordância com um padrão comum para eles”.
Dany Oliveira, director-geral da associação no Brasil, compartilhou um panorama da retomada da aviação no Brasil. O mercado doméstico, mais resiliente, apresentou em Outubro uma recuperação da demanda próxima aos níveis pré-pandémicos (84% dos valores observados em 2019). Em comparação com o mesmo mês em 2020, houve um aumento de 51%. A previsão é que a recuperação total da demanda doméstica ocorra em 2022.
“A IATA trabalha para a retomada da demanda em todo o país com mais viagens nacionais e internacionais. Somos a forma mais segura de transporte porque actuamos em alinhamento com o sector e com governos na implementação de melhores práticas, padrões globais e medidas de bio-ssegurança”, afirma Dany Oliveira. “Já passamos pelo pior da crise. O caminho para a recuperação começa a aparecer e a aviação mostra a sua resiliência mais uma vez. O Brasil precisa de aproveitar essa oportunidade única para eliminar as ‘âncoras’ que não nos deixam crescer com liberdade. Esta pandemia mostrou como é difícil viver em um mundo com o transporte aéreo limitado e restrito”, completa.
O especialista em direito aeronáutico do escritório Bernardi & Schnapp e consultor jurídico da IATA no Brasil, Ricardo Bernardi, integrou o evento para apresentar dados sobre a judicialização do sector. Em 2019, o Brasil registrou 1 acção para cada 1,8 vôos, enquanto os Estados Unidos registraram 1 acção para cada 12.685 vôos. Para comparação, os Estados Unidos tiveram mais de 4,3 milhões de vôos naquele ano, contra quase 6 mil do Brasil.
“O barateamento do conceito do dano moral e a criação de mercados oportunistas – websites fomentadores de litígios, entre outros factores, têm contribuído para a judicialização do sector, que pode e deve ser combatida, seguindo as melhores práticas e tratados internacionais”, afirma Bernardi. “Se este já era um gargalo do sector, neste momento de retomada ele se torna ainda mais sensível e relevante”.
Com a meta de alcançar emissões de carbono líquido zero até 2050, a IATA acredita na evolução tecnológica do sector, com novidades tanto em combustíveis quanto aeronaves. “Este é o momento perfeito para estimular e desenvolver uma indústria de combustíveis sustentáveis para aviação, que irá criar empregos, oportunidades de desenvolvimento de economias locais, apoiar a aviação no cumprimento de seus compromissos, fornecer segurança energética e combater as alterações climáticas”, afirma Marcelo Pedroso, director de Relações Externas da IATA Brasil.